domingo, 14 de dezembro de 2008

 

Ambriz «» Natal 1971


** Schubert - Serenade **


Como estamos em época natalícia, vou retroceder ao ano de 1971 e relembrar o primeiro Natal não passado no seio da Família e ao mesmo dar as primeiras pinceladas sobre o inicio da minha actividade militar até ao evento hoje a relembrar.
Recenseado pelo concelho de Luanda, fui alistado em 24 de Julho 1970 e o resultado da inspecção sanitária da junta de recrutamento foi de “Apto para Todo o Serviço Militar”. Incorporado em 31 de Janeiro de 1971, rumei a Nova Lisboa para o R.I.21 como recrutado.

** Entrada do RI 21 **


Acabei a recruta no dia 3 de Abril e regressei a Luanda para o ATMA (Agrupamento de Transmissões de Angola), Bairro Salazar, onde entrei no dia 17 de Abril para tirar a especialidade de Radiotelegrafista.

** Juramento à Bandeira **


Em Agosto, acabado o curso de radiotelegrafista, em que fui o 2º do curso, segui com guia de marcha para o R.I.20 [Luanda], onde dei entrada no dia 21 desse mesmo mês. Pelo caminho fui escolhido e promovido no dia 06 Junho a 1º cabo com a classificação de dezasseis valores e vinte e dois centésimos, após testes realizados.

** o pelotão de que fazia parte no ATMA **


Pouco tempo estive no R.I.20. O Regimento de Infantaria 20 (R.I.) tinha decidido criar o Centro de Instrução do Ambriz. Por ter sido o 2º do curso, fui destacado para reabrir e montar o Posto de Transmissões, então inoperacional. Comigo ia um cripto (não me lembro do nome), dois radiotelefonistas (Abelha e Morgado) e o Jorge (amanuense), além de outros militares, outras especialidades e demais patentes.

** com Jorge, Abelha e Morgado **


A preparação da deslocação Luanda/Ambriz foi o primeiro “choque” militar que tive. Uma forte e penso que bem organizada escolta militar fazia a protecção ao MVL (Movimento de Viaturas Logísticas) que se formava na Manutenção Militar, na Estrada de Catete, quase junto ao Cemitério Novo. No meio dos camions seguiam também alguns veículos ligeiros. Um Unimog à frente, dois nos meios das viaturas civis e a fechar um outro Unimog. Tudo artilhado, todos aparentemente atentos, embora ainda estivéssemos em Luanda, mas também era preciso fazer algum “filme” para justificar os meios. A coluna movimentou-se e lá fomos a caminho de Ambriz. A primeira alteração à quietude em que seguia o MVL deu-se a seguir à Fazenda Tentativa, após Porto Quipiri. O MVL dividiu-se em duas colunas; uma seguia para Ambriz com a escolta militar ida de Luanda e a outra seguiria, como primeiro destino, para Ambrizete, com escolta vinda de Freitas Mornas.

Mal sabia que daí a alguns meses eu também faria parte de alguns MVL que passavam por Zau-Évua, quando me “desenfiava” para Luanda.

Ambriz era uma vila que ficava cerca de 180 Kms a Norte de Luanda. No trajecto, a partir da Fazenda Tentativa, só vi numerosos bananais com as mais variadas espécies de bananas, caniçais e canas de bambu. E capim bastante alto, diria mesmo que alto demais para uma zona declarada de alguma convulsão de guerrilha.



Chegado a Ambriz reparei, situado à esquerda de quem entra na vila, num restaurante em madeira, onde comi várias vezes, durante os meses que lá estive, longos, saborosos e suculentos bifes que, por serem “descomunais”, eram servidos em travessas, vindo as batatas fritas num prato à parte. Como primeira impressão Ambriz era uma vila de sentido único, pois só visualizei uma larga Rua como sendo a Principal, mas com trânsito nos dois sentidos sendo o separador composto por frondosas árvores. Mas depois verifiquei que tinha umas outras ruas laterais e longitudinais e que era uma vila simpática, limpa, aberta e de construções consistentes.

** Rua Principal **


Os primeiros tempos não foram de muitas incursões na vila e sanzala envolvente, já que a prioridade era a montagem do Posto Rádio das Transmissões e tudo teria que estar preparado para que o Centro de Instrução pudesse receber os primeiros recrutas. Durante a minha permanência em Ambriz raramente “pisei” o aquartelamento, já que a minha presença era mais no exterior que no interior do quartel. Eu, o cripto, o Abelha, o Morgado e o Jorge ficamos "aquartelados" numas instalações anexas a uma vivenda na Rua Principal onde ficou instalado o gabinete do Comandante do Centro de Instrução, Major Santiago Maia, a secretaria (Jorge) e o Posto Rádio.

** a vivenda do Comando **


Face a esse “pequeno/grande” pormenor do Posto Rádio estar instalado onde estava, a disciplina militar não era devidamente aplicada e podia usar barba crescida, andar à vontade quanto ao cabelo, vestir-me à civil, sair e entrar sem controlo algum. Não que fizesse isso, mas poderia fazê-lo sem muito incómodo.
Como a minha missão era a destinada, também não executava qualquer tipo de actividade operacional ou de serviço. Eu era, pura e simplesmente, um “aramista”. “Aramista” era a designação dada àqueles que não deviam, devido à especificidade da sua especialidade, sair da zona protegida. Neste caso só os criptos e os radiotelegrafistas estavam impedidos de executar qualquer outra actividade que não a sua, e toda essa dentro da zona de segurança.
Os militares do aquartelamento apenas faziam escoltas ao MVL entre Ambriz e Luanda e penso que também davam alguma protecção às fazendas de economia local.
Após testes e experiências o posto de transmissões ficou devidamente instalado e operacional. A partir daí Ambriz passou a ser o meu, e dos meus companheiros de jornada, paraíso tropical. Forte empatia com a população civil e a mesma não se fez rogada a conviver de forma amistosa comigo e com os meus companheiros, e mais tarde com os recrutados do Centro de Instrução. Da bastante conversação tida com a população civil constatei que foi de bom grado para eles, e do comércio em geral, a implementação do Centro de Instrução naquela Vila.
As dezenas de jovens militares animavam a vila, faziam aumentar o negócio das poucas casas de comércio e café existentes, o cinema começou a exibir filmes (penso que era de quinze em quinze dias) e estava sempre cheio, o ringue de futebol de cinco quase sempre ocupado e numa outra “vertente” a sanzala também começava a sentir a “animação” daquela juventude.
Ambriz também tinha uma estação de correios com telefone público, o que era muito agradável, já que permitia ligações a familiares, namoradas ou amigos.

Mas para mim a praia era o que de melhor Ambriz me proporcionava. As nossas instalações ficavam bem contíguas ao mar. Era só colocar a toalha ao ombro e em fato de banho sair rumo à praia de mar límpido, de águas mornas, areias desertas, diria mesmo em estado primitivo. E no entardecer mágico do cair do Sol escrevi os meus primeiros poemas dedicados a Mitsuko Sassaki Gomes, uma brasileira residente no Brasil, filha de pai português e mãe japonesa. Poemas escritos nas zonas rochosas da costa. Na enseada li muitas das cartas que ela me remeteu. Brisas refrescantes vindas do mar sossegavam o meu ser, os meus sentidos de jovem desperto para a vida.
A praia era, regra geral, frequentada apenas por nós, os militares, e muito raramente pelos civis e ainda menos pelas lindas (poucas) donzelas existentes na Vila.

** uma praia de Ambriz **


Pouco tempo depois de lá estarmos, ainda o Centro de Instrução não estava totalmente operacional, começaram a aparecer aos fins-de-semana alguns estudantes, filhos dos comerciantes e fazendeiros residentes. Verifiquei que entre os jovens militares e os jovens civis estudantes não havia empatia, não havia aproximação. Nalgumas situações cheguei a notar alguma animosidade por parte deles. Talvez devido a algum tipo de ciumeira, já que alguns dos que namoravam garinas residentes na Vila [e esses eram os que apareciam], sentissem que os jovens militares podiam tentar “ocupar” o seu lugar junto do coração da amada, por ausência do amado.
Como acima já referi, após a instalação do posto de transmissões fiquei praticamente sem nada mais para fazer, a não ser “ver” o tempo a passar. Assim comecei a ter mais tempo para ter opções; uma era, após o pequeno-almoço, ir para a praia, regressar para almoçar, tomar um café num dos cafés existentes, bater uma sorna e por volta das quatro/cinco horas disputar um jogo de futebol de cinco, ou não vinha almoçar e ficava na praia até ao entardecer, contemplar o pôr-do-sol que era lindíssimo, deslumbrante.

Regra geral almoçava ou jantava no tal restaurante que vi quando entrei em Ambriz.
Pagava a uma lavadeira que me levava a roupa para lavar e passar. Estava, como já o disse, num paraíso. O único senão era a horda de mosquitos que por vezes conseguiam atravessar os mosquiteiros e lá deixavam a sua marca.
Considero que Ambriz foi uma magnífica estada para mim e meus companheiros. Foram bons os tempos que lá aconteceram. Luanda quase que já estava esquecida, Luanda já era. Aproveitei aquela acalmia e serenidade do lugar para “curar” alguns desamores tidos em Luanda. Por isso senti que não devia desperdiçar aquele bom momento que a vida militar me estava a proporcionar.
Estando limitado àquele espaço, por estranho que possa parecer nunca tentei ir a Luanda durante os meses que passei em Ambriz. E foram alguns. Talvez fins de Setembro de 1971 até Fevereiro de 1972, mês em que regressei ao R.I.20 [Luanda] e fui incorporado na CCAÇ 105/72 com destino a Zau-Évua, linha Ambrizete/S.Salvador.
Em Ambriz pura e simplesmente “desconhecia-se” que havia guerra em Angola. Talvez por isso é que algumas altas patentes militares decidiram lá instalar o Centro de Instrução. Não havia “guerra” mas contava a 100% para o tempo de serviço militar, já que era considerada como zona operacional. E assim “construíam” a sua folha de serviços na “defesa” da Pátria.

Foi em Ambriz que passei o primeiro Natal fora do convívio da m/família. E foi essa a razão deste meu Relembrar.

Como mencionei, existia bastante empatia entre a população civil e os militares.
Dentro deste panorama de bom e sadio relacionamento, houve uma família que me “adoptou”, com quem convivi de forma séria, respeitável e educada. Fui inumeras vezes convidado para almoçar e/ou jantar no seu lar, na sua casa, que ficava ao fundo da Rua Principal, ao lado da entrada do quartel.

** aspecto da entrada do aquartelamento **


Primeiramente convivi com o simpático casal. Depois conheci e convivi com os seus filhos quando os mesmos regressaram nas férias de Natal. Eram estudantes universitários e estudavam em Luanda. À distância de 37 anos penso que eram três os filhos. Dois irmãos e uma irmã. Do nome da família já não me lembro. Apenas me lembro que um dos filhos se chamava Emanuel. Não sei a razão de apenas ter fixado este nome. Mas recentemente tenho ouvido esse nome várias vezes e fiquei a saber que Emanuel significa "Deus Connosco".
Nesse ambiente de perfeita harmonia familiar, já existente com os pais, e depois consolidada com a presença dos filhos, passei com eles o meu primeiro Natal fora do convívio da minha Família. Um Natal diferente dos passados por mim até àquele. Muita religiosidade, muita serenidade, muita delicadeza. E “sei” que esse ambiente não era produzido por eu estar com eles. Senti que essa era a sua forma de se enquadrarem no espírito de Natal. Não me lembro de ter visto qualquer adereço alusivo à quadra festiva. A toalha era de linho branco, não tinham presépio, árvore ou lampadazinhas a piscar. Ambiente muito sóbrio, de muito recolhimento, de muita espiritualidade.

Foi nesse convívio sadio que me lembro de ter ouvido a primeira de muitas vezes a Serenade de Schubert. Melodia que ficou para sempre na minha memória gravada.
Hoje, ao corporizá-la como melodia de fundo para este tema a relembrar esse meu Natal passado com eles, faço-o com o eterno agradecimento por terem permitido que eu, um perfeito desconhecido, entrasse por algumas semanas naquele “seu” mundo, considerando-me como se um deles eu fosse.



A ESSES MEUS CAMARADAS DE AMBRIZ E A TODOS QUANTOS PASSEM POR ESTE TEMA, DESEJO UMA QUADRA NATALICIA DE BEM ESTAR, DE SOLIDARIEDADE, DE COMPANHEIRISMO E DE MUITO AMOR FRATERNAL E ESPIRITUAL

Saudações e Inté



Comments:
TRANSMISSÕES, o Quartel das transmissões conheci bem em Luanda, um amigo que já partiu para outra dimensão, ofereceu-me a boina e o crachá que guardo no meu dossier até hoje,e lembrei agora que um dia de domingo de tarde fui assistir a um jogo de futebol lá no quatel e levei um lindo ramo de flores para oferecer há equipa que ganhasse o jogo
e assim foi, a que ganhou recebeu o ramo de flores e todos todos ganharam um beijinho meu, no fim foi uma farra fomos festejar com bifes de pacaça batatas fritas ovos salada e cerveja fresquinha, e camarão,até altas horas da noite,foi demais.Este episódio quaze me tinha esquecido, lembrei ao ler o blog.
Agora falando em NATAL era muito triste para os jovens melitares passarem essa época longe dos familiares, mas haviam milhares de familias que respeitavam e acarinhavam os melitares, e lhes ofereciam o seu coração e a sua casa, foi o que aconteceu contigo amigo LEÃO-VERDE, essa familia te respeitava e estimava por isso te convidaram para a sua mesa no seio de familia nesse dia, a essa familia e a milhares de outras familias que o fizeram BEM-HAJAM.
Quero eu agradecer-te amigo LEÃO este cantinho
obrigada kisse
Para ti e todos que aqui passam desejo um dia de natal de saude e paz
e vamos fazer com que todos os dias sejam dias de natal, fikem bem
beijinho

Lameking
 
Um Santo e Feliz Natal com os que mais amas, numa terra distante daquela que tanto amas-te e amas...

Um forte e apertado abraço.
 
Boa noite :))

"Existe apenas uma idade para sermos felizes, apenas uma época da vida de cada pessoa em que é possível sonhar, fazer planos e ter energia suficiente para os realizar apesar de todas as dificuldades e todos os obstáculos.
Uma só idade para nos encantarmos com a vida para vivermos apaixonadamente e aproveitarmos tudo com toda a intensidade, sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que podemos criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança, vestirmo-nos de todas as cores, experimentar todos os sabores e entregarmo-nos a todos os amores sem preconceitos nem pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem em que toda a disposição de tentar algo de novo e de novo quantas vezes for preciso.
Essa idade tão fugaz na nossa vida chama-se presente e tem a duração do instante que passa..."

(Mario Quintana)

Continuação de Boas Festas e um Feliz Aniversário!!!

http://deltagifs.com.sapo.pt/leao2008.html

Beijinho
 
Olá Mano

No dia 28 de Dezembro nascias na nossa, na então vila, Póvoa de Varzim.

Passaram-se os anos. Hoje, mais uma vez o calendário da vida diz que fazes mais um ano da tua existência.

Não é necessário que se juntem muitos mas que sejam os suficientes para serem gosados com saúde e alegria de viver.

Para ti meu irmão, muitos Parabéns pelo teu Aniversário.

Um abraço
 
Viva LEÃO VERDE

è muito bem provável que nos tenhamos cruzado por qualquer rua ou "carreiro" do Atma.
Entrei para essa Unidade, ainda ela se chamava Btm1 (Batalhão de Transmissões N.1, em Abril de 68, e por aí estive até Agosto 71, data em que passei á "peluda".
Pertenci á Ctms (Companhia de Transmissões)

Um abraço
(ex-Fur.CastelaSimões)
 
Alô CharlieSierra
(CastelaSimões)

É bem provavel que nos tivessemos cruzado pois, como refiro, estive a tirar o curso de 17 Abril a 21 Agosto 71.

O Alferes do poletão a que pertenci tinha a alcunha de "sardinha na boca". Nunca soube o nome dele, nem sequer a razão de tal alcunha.

O que sei é que passamos toda a especialidade com carecadas. Quando o cabelito espigava, lá íamos ao "Miguel" ou "Victor" (barbeiro de serviço). Penso que era Victor.

Praticamente no ano em que comecei, o CS terminou. Em Abril de 68 tinha apenas 17 anos

Abraço
LimaVictor
(LeãoVerde)
 
Viva Leão Verde.
Passados estes anos sem pensar vim encontrar o meu "pelotão especial", grande carecada, é com saudade que vejo esta foto pois as minhas por uma fatalidade da vida desapareceram para sempre. Gostaria de o contactar pessoalmente a si a a todos os que passaram por este pelotão e pelo curso, que me deixou muitas saudades.
Um abraço amigo
Macedo (ex-Furriel Mil)
 
Olá Leão Verde.
A Companhia só tinha um Alferes e se chamava "Manuel Candeias Vieira Valentim". A Principal caracteristica dele era andar sempre BEBADO. Quanto à carecada geral, se deveu a um de vcs que era de Sá da Bandeira e andava de BMW, e resolveu na aula de garafia se "Peidar". Como ninguem se acusou nem ao Cabo nem posteriormente a mim, o Valentim veio, e vcs como homens que eram calaram, raparam a mona. Para meu azar estive ainda uma hora a comandarvos a dar umas marchas durante cerca de 1 hora e depois barbeiro. Ainda se lembra.
Um abraço
Reinaldo Macedo (ex Furriel Mil.)

 
Caro Macedo (Reinaldo)

Foi com bastante satisfação que vi a sua intervenção no blog e logo de alguém que foi um dos formadores na especialidade de radiotelegrafista.
Indo de encontro às suas duas intervenções francamente não me lembrava do seu nome nem do do "sardinha na boca", o alferes Valentim, assim como de quase todos os meus camaradas de pelotão. Agora ao lêr o seu nome de imediato o associei à sua imagem e "vi" o furriel miliciano loiro instrutor, assim como ao ter dito o nome do alferes fez-se-me luz pois também do nome dele não me lembrava mas sim e apenas do "sardinha na boca", alcunha de que desconheço a razão.
Acerca dos restantes membros do pelotão apenas sei do paradeiro do Lemos, Trindade e Julio, o que subiu a rampa da capela e disse que se atirava lá de cima e cá em baixo era o Valentim a dizer para ele se atirar se era homem, mas obviamente tal não aconteceu e passou a maior parte da especialidade à porta-de-armas, como castigo. Depois da especialidade todos nos dispersamos, eu para Ambriz, Zau-Évua e Muxima, e os demais para outros cenários, embora em Zau-Évua tenha feito a comissão com o Lemos. Também uma parte dos companheiros de pelotão eram do Sul e não tinham ligações connosco, os de Luanda. Os acontecimentos de 1974 também não ajudaram a encontros ou reencontros, devido às diversas vicissitudes do processo de Abril.
Quanto às carecadas uma delas foi efectivamente devido ao "track" e o autor do mesmo era de Sá da Bandeira como bem o refere (eu e alguns de nós soubemos quem tinha sido), uma outra foi devido ao mesmo do "track" não ter numa das aulas conseguido acompanhar o ritmo do teste de morse, deu um grito talvez de "desespero", amachucou o teste e até o meteu na boca (não sei se com a intenção de o engolir). Como as salas. como bem se lembra, eram todas envidraçadas, toda aquela agitação perturbou e desconcentrou todas as outras e lá veio o Valentim a mandar o pessoal todo, mais uma vez, ao "Miguel" para a carecada da ordem.
Em relação ao Valentim e às suas constantes bebedeiras lembro-me de numa das vezes em que nos fez levantar a altas horas da noite e encaminhar-nos para a cantina, ter ficado tão bêbado que pegou no gato que lá havia e tê-lo colocado no congelador, onde passou o resto da noite. De manhã o cantineiro levou um daqueles grandes sustos pois ao abrir o congelador o gato, ainda vivo, terá saltado todo espavorido e nunca mais ninguém o viu.
Enfim, lembranças de um período da vida militar que as intervenções do Macedo me fizeram também reviver e que já davam para mais uma das minhas estórias deste meu Reviver.
Irei procurar contactá-lo em privado para respostas mais concretas aqui colocadas.
Foi um prazer verificar da sua presença e verificar que o Blog continua a fazer com que alguns meus amigos, companheiros e camaradas sejam encontrados.

Abraço
 
Olá! Leão Verde,
Agradeço as suas palavras e fico feliz por o ter relembrado de pequenas coisas que nos marcam muito.
Voces foram a minha 2ª especialidade, a primeira foi de CSM, para vosso azar os cabosmelicianos que vos receberam á porta de armas quando chegaram de Nova Lisboa, estava eu de Sargento dia à unidade. Como chegaram depois das 24 aguardaram até á 1 da manhã. Alguns Instruendos resolveram fazer piões com os carros do lado de fora e ai os cabos-melicianos que estavam de serviço mortinhos por molhar a sopa, andaram com eles boa parte da noite numa GAM, com a farda nº 2.
Quanto aos que foram para a caserna, foram avisados que não tinham roupa para dormir, apenas um colchão, só que não podiam fazer ruido pq ao lado e separados pelos armários estava o pessoal da CCS.
Como fizeram barulho, eu mesmo vos fui buscar e dei uma ordem unida para vos acalmar.
Ainda hoje me lembro da cara de alguns de vós quando de manhã ás 9 horas me apresentei na formatura e vos informei que ia ser vosso instrutor.
Afinal não era tão mau como pareceu ha chegada.

O resto fica para recordar quando nos encontramos.
Abraço
 
QUERO DEIXAR UM ABRAÇO A TODOS QUE FASEM DESTE BLOG UM CONVIVIO ENTRE AMIGOS TAMBEM DEIXO A MINHA MENSAGEM FUI MILITAR EM ANGOLA TIREI UM CURSO DE COMANDOS DEPOIS PARTIPEI EM OPERAÇOEIS PEDRA VERDE FREIPAS MORNAS DEMBOS E POR ISSO VISITEI MUITAS VESES AMBRIS LINDA TERRA PRAIAS ENORMES DESERTAS COM O ENCANTO DAS ONDAS FALANDO PARA O INFINITO O RANGER DO MAR A COR AZUL DO MAR QUE ENCANTO E QUE SAUDADES MAS SENDO CERTO QUE RECORDAR E VIVER AGORA ESTOU EM PORTUGAL TRISTE POIS ESTE PAIZ ONDE OUTRORA ERA INDETENDENTE AGORA A SITUAÇAO E DE MISERIA JA TEMOS FOME MISERIA TUDO PORQUE ESTAMOS A SER GOVERNADOS POR UMA CAMBADA DE LADROEIS SE ALGUEM NESSA LINDA TERRA DE ANGOLA PRECISAR DE UM ELETRICISTA EU VOU NOVAMENTE PARA ESSA TERRA DE ANGOLA TERRA DA TERRA VREMELHA DO SAMBA DA PAIXAO DAS NOITES UM ABRAÇO DO CORREIA CONTATO 961225805 OU IMEIL JAIMECORREIA@OUTLOOK.COM BEM HAJA
 
AO Leão Verde e a todos os que contribuem para matar saudades e rever o passado que tanto nos marcou . Meu nome é Narciso lopes fiz parte da 1ª recruta do RI20 no Ambriz que por sinal para mim por ter uma profissão e ser conhecido no Ambriz me ajudou a fazer uma recruta invejável , logo mo inicio fui requisitado para fazer serviços para a administração local ajudava a projetar o cinema fazia a recuperação e manutenção elétrica da varias instalações do quartel e da população Civil VHF cinema etc . com certeza nos cruzamos por lá pois eu ajudava na hora do almoço no restaurante e cervejaria do dono do hotel (pensão)que era o único no Ambriz o Major santiago maia tinha por via de conhecidos em comum uma certa proteção foi um tempo bom um dia se der colocarei umas fotos dessa bela época.
Parabéns pela sua crónica
continue felicidade para vc e todos que nos façam relembra
Obs. Muitas vezes me escondi da instrução noturna na antena das transmições no centro do quartel ou no contentor do radar hihihi
 
Fui furriel miliciano na pacata vila do Ambriz. Era conhecido por furriel Cardoso. Fui responsavel pelo tiro primeiro só depois com o alf. Arcanjo. Fundamos uma amostra de conjunto com o Furriel Generoso, o alf. Arcanjo e mais alguns. Tinha um grupo fixe que inckuia o Leite Velho, o Amandio, o Castilho, o zi monteiro e tantos outros. Foram bons tempos em que lanchava no bar do Joao Alves que infelizmente faleceu. Foram mesmo bons tempos. O Radar, a companhia dos madeirenses, e nós. Estive no outro dia com o furriel Camilo das transmissoes. Um abraço para todos.
 
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