sábado, 29 de agosto de 2009

 

Aquela Música / o Momento


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** Mungo Jerry – In The Summertime **


Sendo este blog diferente de outros pelas razões referidas em [clicar »»Reviver Estórias - O Blog], “forçosamente” tenho que recorrer ao armazenamento de toda a informação contida na memória para reviver os diversos acontecimentos e episódios que a qualquer momento me façam evocar o passado no "Outro Lado do Tempo", tendo como máxima que Recordar é Viver.
E desta forma fornecer oxigénio ao blog, mesmo focando situações que eventualmente nada possam dizer à maioria de quem os lê.
Mas dizem-me a mim e naturalmente ao “Reviver Estórias”.
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A noite já há muito caiu. Defronte do teclado do “pc” vou abrindo e-mails sobre e-mails.
O silêncio é apenas quebrado pelo som de alguma música que acompanha alguns ficheiros que em “pps” me vão chegando.
A fim de quebrar a monotonia abro por acaso um site que evoca música dos anos 60“Super Oldies Of The 60’s”. Minimizo o ecrã e continuo a abrir e a ler o conteúdo dos e-mails. Baixo o volume produzido nas colunas por alguns sons da música transmitida do site serem por vezes “altos” em demasia para o silêncio nocturno em que estou envolvido.
Enquanto leio ouço entre outras músicas que facilmente marcaram a juventude dos anos 60/70 o “House Of The Rising Sun”, o “Oh! Carol”, os Beache Boys e outros conjuntos e cantores da época. Os e-mails a abrir são às dezenas e começo a pensar em os eliminar. Estou a ficar sem “pachorra” para continuar a ver e ler o conteúdo dos mesmos.
Uma outra música passa e, a exemplo das anteriores, ouço-a sem “ouvir” pois apenas quero companhia musical sem me importar bastante com o que estou a escutar.
Segue-se uma outra mas nos meus ouvidos fica “registado” o som da anterior e um "click" produziu-se na minha memória. Dou por mim a dizer que já tinha ouvido aquela música de uma forma muito particular e inclusive “vejo-me” a dança-la.

Num ápice minimizo o correio electrónico e dirijo o cursor do rato para o site. Abro-o e retrocedo para a música que “despertou” a minha atenção, que “abriu” mais uma gaveta das minhas memórias, das minhas recordações de vivências no passado vividas. Clico sobre o título da música para de novo a reproduzir e não tenho qualquer dúvida. Aquela música tinha-a ouvido e dançado num momento vivido há muitos e muitos anos atrás. Um turbilhão de imagens passam "visualmente" pelo meu cérebro buscando o registo do momento do som e da dança. E no imediato uma outra certeza em mim se produziu. Sei que tenho o registo em foto daquele momento em que dançava a música que hoje me “apareceu” no silêncio da noite para me fazer recordar e reviver um determinado acontecimento. Maquinalmente olho para o relógio do ecrã do monitor.
São 02H05 da noite de hoje, Sábado, dia 29.08.2009.

Lesto desloco-me para o local onde guardo os diversos álbuns e determinado pego aquele que eu “sei” que será nele que encontrarei a foto que regista o momento dançante daquela música.
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...Luanda, capital da Província de Angola. Ano de 1970.
Recentemente lançado, o “In The Summertime” alcançou de imediato forte impacto de popularidade entre a juventude luandense. Estava-se ainda nos resquícios do Woodstock, o festival de música realizado em meados de Agosto de 1969 nos E.U.A. e vivia-se toda aquela euforia desencadeada pelo movimento hippy que também tinha chegado a Luanda/Angola. Mas Angola andava sempre à frente em tudo e neste caso particular o Yé-Yé há muito que havia chegado, como demonstro no meu tema [clicar »»Festival Yé-Yé 1967].
Dentro desse contexto musical as diversas rádios sediadas em Luanda, Rádio Clube de Angola, Rádio Comercial de Angola, Voz de Luanda e todas as outras, passavam nos seus mais diversos programas o Mungo Jerry e o seu "In The Summertime", assim como era obrigatório que os “D.J.” o tocassem nas pistas de dança das discotecas, como no Yé-Yé, Pop-Cave, Quatro, Animatógrafo, Calhambeque (depois Contencioso) e outras...


...Dia 5 Dezembro 1970.
Na Sé de Luanda tinha-se concretizado o enlace matrimonial entre o meu amigo José Lomba e a Teresa, a sua até aí namorada...




...Após o cerimonial e as habituais fotos deslocamo-nos para a casa do casal, local onde iria decorrer o copo de água. Como casamento sem dança não é casamento, há que por o gira-discos a rodar para que o ambiente fosse ainda mais alegre, mais contagiante, mais divertido. A maioria dos presentes eram jovens e todos com boa saúde para através da dança “desgastarem” a farta boa comida que o casal tinha colocado à disposição de todos...



...A dado momento alguem colocou no prato do gira discos a música que estava a causar furor em vendas e audiências radiofónicas, o já famoso "In The Summertime" de Mungo Jerry. Deixo a boa cavaqueira dos amigos, pego na que naquela tarde/noite foi o meu par mais "in" e danço-a...

** o momento, a passada, a Nanda **


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Esta é a foto que eu "soube" que tinha no album quando nele peguei.
Foto que me fez recuar no tempo do “Outro Lado do Tempo”.
O tempo do tempo desse momento foi o dia 5 de Dezembro 1970. Tinha 19 anos.

"Regresso" à realidade presente e ouço os últimos acordes de um dos êxitos de 1968 _ “Mrs. Robinson” de Paul Simon and Garfunkel no site que me fez ouvir a música razão da publicação deste tema.

A todos quantos comigo conviveram, ouviram e dançaram o “In The Summertime” de Mungo Jerry naquele dia 5 Dezembro 1970 e ainda estejam entre nós, um forte abraço de amizade.
Muito particularmente e especialmente ao José Lomba e Teresa.

Saudações e Inté




sábado, 15 de agosto de 2009

 

Parabéns Mano Mário


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** George Harrison – My Sweet Lord **


Vou desviar o percurso que tenho dado a este “Reviver Estórias” para Dedicar o tema ao meu mano Mário, que Hoje Comemora Mais Um Aniversário.

Inicio salientando que tendo Mário como simbolo clubista a Águia tenha como signo o Leão, o meu simbolo clubista. Assim como eu sendo Leão tenha apenas oficialmente representado, em termos desportivos, o clube da Águia, o seu clube. “Estranhas” coincidências de caminhos caminhados de forma paralela, por vezes cruzados, mas que no fim bifurcavam para a mesma recta, para a mesma estrada.
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Posso dizer-te Mano que temos estado nos últimos anos a "redescobrir-nos", a verificarmos que tivemos mais convivências e vivências conjuntas do que poderíamos ter pensado.
E essas “velhas/novas descobertas” têm acontecido por força do que em parte desconhecíamos um do outro, ou seja, do prazer de escrever, do prazer de recordar, do prazer de partilhar essas nossas vidas de outrora, essas nossas vivências vividas.



Por alguma razão diziam, e ainda dizem, ou seja, perguntam se não somos gémeos. Não por pensarem que somos gémeos de existência nascida em tempo igual, mas pela forma adulta que sempre demonstramos no pensamento, na conversação, na análise e na justeza. Quase sempre irmandados nos mesmos princípios, nas mesmas bases morais, intelectuais, no carácter. E, tanto quanto me lembre, raramente nos enganamos nas nossas deduções, nas nossas apreciações. Ainda hoje frequentemente isso acontece.



É difícil “falar” de ti sem “falar” de mim, melhor, de ambos, talvez porque quando nasceste eu já cá estava, embora com tempo de "intervalo" curto, e essa terá sido uma das razões de os nossos caminhos terem sido bastante paralelos. Juntos, tu com 9 e eu com 11 anos, saímos de Portugal e cruzamos o Atlântico em Fev./62 a caminho de Angola.
O navio que nos transportou, assim como aos manos Alfa e São, foi o Quanza.



Em anos diferentes andamos no mesmo curso da mesma escola secundária, a Escola Industrial de Luanda.



Juntos na JOC, nos casamentos a sério e nos “à pato”, no célebre Recital de Piano do Teatro Avenida, no Clube/Bar Gay do Treme Treme, na Casa do Alentejo, das Beiras, Transmontano, Textang, Terra Nova, Sarmento Rodrigues, dos boys de S.Paulo e as garinas da Boavista, e tantas outras vivências juntas vividas no Outro Lado do Tempo, quando jovens e solteiros.
Cazumbi, Chá das 6, Parada da Alegria, enquanto espectáculos de entretenimento e autênticos cinéfilos dos SMAE, Restauração, Colonial, S. Domingos e de quase todos os outros cinemas de Luanda.

** Maio/75. Igreja Praia Bispo. Casamento Ana/Luis **


Na vida militar, em anos e percursos diferentes, Nova Lisboa foi o nosso ponto de partida para essa nova missão.

** E.A.M.A./Jan73 - Mário ; R.I. 21/Jan/71 - Eu **


Na agitada e conturbada pré emancipação de Angola vivemos os mesmos perigos, as mesmas dificuldades, as mesmas carências já existentes.
Estiveste no meu casamento e foste o último dos “McGregor” [nome de clã a nós (irmãos) atribuido pelo Telmo do Bar Cravo] a sair de Luanda, tendo-te eu levado ao aeroporto. Até esse teu momento estivemos juntos.



Foi a ti a quem escrevi para me enviares uma foto com a bandeira de Portugal quando saudades dela senti na Angola/Luanda independente. E enviaste. E no dia em que recebi a foto emocionei-me.
A Bandeira é o simbolo máximo de um Povo, de uma Nação. E eu já não a tinha, pois a nova, a que eu queria respeitar, não me respeitava.

** clicar para ampliar **


Ambos dotados intelectualmente de personalidades fortes, o que em algumas vezes na adolescência fez-nos entrar em "choque", soubemos nessas nossas diferenças ultrapassar esses momentos e respeitarmo-nos como individuos e principalmente como Irmãos.

Hoje Mais Um Aniversário do Calendário da Vida passa por Ti.
Geograficamente distantes, mas sempre Presentes, levanto deste lado a minha taça e Felicito-te por estares a cumprir mais uma Etapa, mais um Caminhar Sereno, Seguro, Tranquilo.

PARABÉNS, MANO MÁRIO


nota de rodapé:- embora em situações, latitudes e anos diferentes, também, tal como no meu, o teu casamento foi em conjunto com outro casal (no teu caso com o da n/mana Faty), assim como os nossos fatos tinham o mesmo tom de côr, derivando apenas em poderem ser mais claros ou menos escuros. Para que esta particularidade também fique registada.