O Autor em 1973 Nome Leão Verde Localização Norte de Portugal Ver o meu perfil completo Música Angolana
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Ambriz/71 a Luanda/75 «» MitsukoHoje irei atar mais uma ponta deixada solta no tema [clicar »» Ambriz – o Primeiro Poema], dedicado a Mitsuko Sassaki Gomes. Nesse tema referia que … cruzamos muita correspondência e a partir de determinado momento as nossas cartas começaram a ter outro sentido, outro sentimento. O que acalentávamos para o futuro, já que a nossa ligação escrita chegou até ao ano de 1975. Foram quatro anos de partilhas sentimentais, de juras de amor, até num ápice tudo se desmoronar. Mas o fechar dessa porta ficará para um futuro tema. No dia 15 de Outubro, já em Luanda, passei à situação de licença registada. Durante todo o trajecto militar, desde Setembro 1971, o nosso relacionamento escrito foi sempre firme, tendo-se mantido talvez até Jan/Fev de 1975. O que começou por uma simples troca de correspondência entre dois jovens desconhecidos, passou a ser algo de mais sério, com mais empatia, de mais “inflamada” correspondência. Promessas e juras de amor começaram a ser uma constante nos nossos escreveres. Planos de vida comum começaram a ser descritos, desejados, consolidados mentalmente, apesar dos milhares de quilómetros que distavam Angola do Brasil. Mas os nossos quereres, os nossos propósitos pareciam ir superar essa distância. A questão começou em saber quando e quem ia para quem. Ao longo desses anos dediquei-lhe vários poemas que acompanhavam o ritmo da correspondência que lhe enviava. Tudo parecia perfeito, apesar de nunca ter recebido alguma foto dela, pese as várias vezes que lhe pedi. Fui sempre eu a enviar. De Mitsuko só recebi ao longo daqueles anos uma ou duas fotos que dizia serem da casa onde vivia, assinalando o quarto onde dormia e lia as minhas cartas. Nunca soube como era no aspecto visual, no físico, no intelectual. Mas parecia-me ser uma moça culta, sóbria, pensante e forte nos desejos, nas convicções. Foi o que perspectivei através do que interpretava da sua escrita. Entretanto a minha vida decorria em Luanda de forma normal. Tinha encontrado o tal emprego que se ajustava mais ao meu perfil. Também tinha adquirido a minha autonomia e já não vivia no Bairro de S.Paulo mas sim no Bairro da Caop, onde se situava o bem conhecido Colégio Viriato. A vida amorosa também prosseguia, pois uma coisa era o namoro de papel e outra era ter que andar com alguém presente a meu lado. E neste campo nunca tive problemas, apesar de nunca ter namorado, mas sim andado. Ou seja, só houve uma com quem "senti" que não tinha andado, mas sim namorado. E dela já referi algo no tema em que refiro ter estado militarmente preso. Houve uma altura em que pensei em partir para o Brasil ao encontro de Mitsuko. A não ser a minha família, nada mais me prendia a Luanda. Estava-se na fase dos primeiros conflitos armados entre as forças dos chamados movimentos de libertação. A situação alterava-se de forma assinalável, degradando-se diariamente. Pensei para comigo que não estava para aturar aquilo. E se tinha alguém com quem estabelecer contacto num país que considerava poder ser semelhante a Angola, nomeadamente Luanda, porque não arriscar e ir!? Depois de lá estar alguma coisa teria que acontecer. Se bem o pensei, mais depressa andei. Fui saber o que era necessário e qual o meu espanto quando me disseram que era necessário ter uma autorização do exército para abandonar Angola com destino ao Brasil, pois embora tivesse passado à disponibilidade em Fevereiro desse ano (1974) o certo é que devido ao grau de conflitualidade existente e face à indecisão por parte do MFA ou de quem governava Portugal à data, tinha passado para “reserva territorial” ou coisa do género, para o que desse e viesse. Obviamente que protestei, mas de nada me valeu. Se quisesse sair de Angola para país estrangeiro, tinha mesmo que fazer o tal requerimento a solicitar autorização de saída. Com tudo isto o tempo passou e embora tivesse obtido a autorização, o certo é que já se me tinha "esfumado" a ideia de abandonar Luanda. E fiquei. E tudo de repente acabou. Verifiquei que durante alguns anos tudo tinha sido sustentado em papel e desejos escritos. O que parecia sólido, que nada faria desabar, não tinha passado afinal de um simples castelo de cartas construído nas nuvens da imaginação, nos sonhos de jovens totalmente desligados do contacto físico, do visual. E tudo de repente acabou, escrevi acima.E como é que isso aconteceu!? Estávamos no início do ano de 1975. Em Luanda e por quase toda Angola a luta armada era uma dolorosa realidade. Os movimentos de libertação procuravam ocupar o mais rápido possível as principais cidades e capitais de distritos, assim como as zonas mais estratégicas do país. A cegueira da obtenção do poder absoluto no dia 11 de Novembro de 1975 determinava essa luta fratricida. Vivia-se por toda Angola o que de todos já é mais que conhecido e sabido. Na altura era oficial de diligência no 7º Juízo Criminal de Luanda, sito na Rua Serpa Pinto, no prédio dos Tribunais Chego ao serviço a meio da tarde após ter terminado mais uma diligência. Uma colega vem ter comigo e diz ter atendido uma chamada para mim vinda do Brasil, via Marconi. Como eu não estava ficou estabelecida entre a Rádio Marconi, a pessoa do outro lado e a minha colega por mim, uma determinada hora em que eu teria que estar presente para atender a chamada. Perguntei se sabia de quem era a chamada, tendo respondido que não sabia nem tinha tido tempo para pensar nesse pormenor. No momento fiquei sem saber de quem seria e francamente nem sequer me passou pela ideia de quem poderia ser. Como tinhamos família no Brasil e devido aos acontecimentos podiam ser eles a quererem saber algo de nós (família). À hora marcada o telefone tocou e após a intervenção da Marconi em querer saber se eu estava presente lá se estabeleceu a ligação. E pela primeira vez ouvimo-nos. Era a Mitsuko. Um mundo de sentimentos diversos invadiu-me. Senti um forte impacto no corpo, na mente, que me terá levado a ficar fiquei atónito, imobilizado, sem nada saber dizer. Senti o choque, a emoção, a surpresa, a perplexidade. Era a Mitsuko a dizer-me que estava a preparar as coisas para vir ter comigo a Luanda. Queria estar a meu lado e viver comigo aqueles momentos que tragicamente começavam a assolar Luanda e toda a Angola. Tinha chegado, disse ela, a hora das decisões. E a decisão era ir ter com o seu amado, mesmo que para isso o cenário fosse de guerra e pudesse não haver futuro próximo devido à incógnita do momento presente e dos seguintes. A custo lá me controlei, serenei e comecei a “dura batalha verbal” de a convencer a não vir ter comigo, sem que eu lhe dissesse qual o momento mais oportuno. Não queria que ela fosse mais uma vítima naquele país em guerra aberta. Bastante tempo demorei a convencê-la, a demovê-la do seu intento, mas lá consegui, não sem antes me ter comprometido a chamá-la o mais rápido possível quando verificasse existirem as condições para ela vir para mim, para comigo viver. A meu lado a minha colega “derretia-se” em lágrimas. Disse-me, após ter eu desligado, que chorava por estar a testemunhar o surgimento de um amor separado por milhares de quilómetros. Amor esse a ser declarado perante um cenário de guerra, de incertezas, de não futuro devido a não se saber se num dia se estaria vivo e no dia seguinte não. Dizia ela que só tinha visto cenas dessas em filmes e nunca na vida real. A minha colega sabia da história da Mitsuko pois tinha-a tornado minha confidente quando no momento próprio lhe disse que estava a pensar em ir para o Brasil. Essa a razão da sua emoção pelo conhecimento que tinha de tudo e do que de certa forma tinha estado a ouvir. Regressando à Mitsuko. A “batalha” para ela não ir a Luanda tinha sido vencida.E eu fiquei sem saber o que fazer quanto ao compromisso que com ela tinha estabelecido.. Deixei que a vida rolasse de acordo com as circunstâncias do dia-a-dia. Em Fev/Mar de 1975 os meus tios que viviam em Manaus/Brasil foram a Luanda visitar-nos e saberem de nós. Quando do seu regresso ao Brasil falei com meu tio sobre a Mitsuko. Da sua recente intenção de querer ir ter comigo, do compromisso que com ela tinha estabelecido, dos anos de correspondência, enfim disse-lhe o que me interessou dizer-lhe sobre ela, sobre nós. E também do facto de não saber quem era, como era, por nunca me ter enviado alguma foto. Pedi-lhe para saber tudo quanto pudesse; quem era, como era, se vivia onde dizia viver, se trabalhava onde dizia trabalhar, enfim … para obter informações e os elementos necessários e que depois me escrevesse a dizer o que tinha ficado a saber, assim como a sua opinião sobre o assunto. Forneci-lhe a morada dela e aguardei. Passado um mês e qualquer coisa meu tio escreveu-me. Não irei aqui transcrever alguma coisa do que ele me disse a respeito de Mitsuko. Pura e simplesmente decidi acabar, esquecer. Nunca mais me preocupei com a Mitsuko. Também eu “sabia” que dificilmente ela iria fazer parte de mim. Eu continuava a privilegiar ser um individuo livre, sem compromissos a nível amoroso. Penso que terei até ficado aliviado por saber que não teria que cumprir o compromisso acordado com ela. Também a Mitsuko nunca mais me ligou, assim como também nunca mais me escreveu. Tudo tinha terminado antes de fisicamente começar. Não sei se meu tio terá tido alguma influência no comportamento dela a meu respeito no futuro imediato. Ele disse-me que a viu, que falou com ela. Hoje dei o nó definitivo a essa ponta que continuava solta nas memórias do meu “Reviver Estórias”. Procuro idealizar como serás, Tu que longe de mim estás, Quero aprofundar tua alma, Mergulhar em teus pensamentos, Dar vazão aos meus tormentos. O oceano atlântico nos separa, Mas ante nossos olhos se depara, Toda esta linguagem escrita, Que nossas fantasias traduzem, E ao longo desse mar conduzem. Tua alma sonhadora e romântica, Vinda de alguém que me encanta, Que me agita e me faz apaixonar, Pensei não mais alguém querer, Até as tuas cartas de amor ler. O amor tem sido uma desilusão, Nunca ninguém me soube amar, Contudo tuas cartas eu lendo, Põe meu coração de ânsia vibrar, E de novo me ponho a sonhar. Da correspondência trocada, Nunca poderíamos imaginar, A empatia entre nós reinante, E esta amizade que buscamos, Poderá fazer-nos enamorar. Até breve carioca Mitsuko, Poderás ser a que eu procuro, Mas só o destino é que dirá, Se a nossa amizade de agora, Em algo mais forte se tornará. Saudações e Inté |