O Autor em 1973 Nome Leão Verde Localização Norte de Portugal Ver o meu perfil completo Música Angolana
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terça-feira, 11 de novembro de 2008 Independência … Foi há 33 Anos [ parte última ]A dura “batalha de Luanda” estava no seu fim. O MPLA, com a ajuda do povo angolano urbano, mas principalmente o que vivia nos musseques, o suburbano, assim como com a acção desassombrada de não medo dos candengues pioneiros, crianças feitas homens/soldados, acabou por vencer e em Agosto de 75 a UNITA e FNLA foram definitivamente expulsos de Luanda. A acção militar das FAPLA tinha criado as condições para que o poder político do MPLA controlasse Luanda e proclamasse a independência. E Luanda respirou, sossegou, retomou lentamente a tranquilidade e começou a “sarar” algumas das feridas abertas. Mas sabia-se que as chamadas forças do inimigo não iriam deixar de pensar em tomar Luanda. Caxito, a 60 quilómetros de Luanda, foi a zona de concentração e recuperação logística da FNLA, tendo a UNITA rumado para o Huambo, zona de sua influência e de apoio. Mais lutas armadas se produziram e as FAPLA, agora com o apoio directo de forças regulares do exército cubano, souberam sempre vencê-las. O dia 11 aproximava-se a passos de gigante e sabia-se que o assalto final a Luanda estava a ser preparado. Seria no dia 10 de Novembro. Caso Luanda fosse tomada por qualquer um dos outros movimentos seria a chacina total, já que todos que estivessem em Luanda eram considerados pró MPLA, portanto inimigos a abater. Haveria um banho de sangue. A matança era mais que GARANTIDA, assim o proclamavam Holden Roberto e Jonas Savimbi e isso EU ouvi, não era propaganda do MPLA » ... os brancos e mulatos que não tinham ido embora e ficado em Luanda eram todos do MPLA, portanto …… Dia 10 Novembro. Nesse dia não se trabalhou. Era a preparação para a independência, para o que desse e viesse. O aeroporto estava fechado, as ultimas tropas portuguesas estavam ao largo, na baía, e Luanda estava “cercada”. Indo até à ponta da Ilha ouvia-se, vindo dos lados de Quifangondo, o estrondo dos obuses e de artilharia pesada. Aliás, em qualquer ponto dos mais altos da cidade de Luanda ouvia-se perfeitamente os rebentamentos, dando uma terrível perspectiva de como poderia vir ser a noite desse dia. A cidade/capital estava a horas de proclamar a sua independência. Só não se sabia por qual dos movimentos. Se o que a dominava, o MPLA, ou qualquer um dos outros que a pretendiam tomar de assalto. A batalha decisiva travava-se em Quifangondo. Sabia-se que as tropas da FNLA tinham agregados ex-militares portugueses, um auto denominado ELP [exército de libertação de Portugal] e alguns mercenários. A ansiedade estava presente em todos nós, os “resistentes” à debandada, aos que quiseram ficar para ajudar e colaborar com o novo país independente que daí a algumas horas iria surgir no mapa africano. Era ansiedade, alguma angústia e temores contidos pois sabíamos o que nos poderia acontecer se as tropas de Holden Roberto conseguissem passar a barreira de combate de Quifangondo. Seria a mortandade generalizada, seria o inicio da guerrilha urbana, pois as FAPLA e a população não deixariam de se entrincheirar nos prédios, nas casas, nos musseques, para dar combate aos invasores e Luanda ficaria também irremediavelmente irreconhecível, como ficaram outras cidades e vilas de Angola. À medida que o dia desaparecia para dar lugar à noite ouvia-se com mais nitidez os tiros de canhão e dos quarenta canos da artilharia pesada das FAPLA. Adivinhava-se que poderia estar a acontecer um grande e feroz combate em Quifangondo. Era o dia “D” e aproximava-se a hora decisiva da proclamação da independência. Quando Agostinho Neto leu o discurso da independência ouviram-se tiros de armas ligeiras e de algumas pesadas por todo o lado, bem dentro de Luanda, bem perto de cada um dos residentes. Penso que por momentos, talvez eternos momentos, a maioria da população não soube a razão de tal tiroteio. Eu pelo menos desconhecia, pois nunca me passou pela cabeça que os festejos da independência seriam celebrados com tiros. Mas depois apercebi-me, no meu posto de observação desse 5º andar da Rua D. António Saldanha da Gama, que o tiroteio se devia ao acto solene em curso e nunca mais me lembrei de como teria ficado a batalha de Quifangondo. Sei apenas que me deitei e adormeci como um justo. Tinha assistido ao nascimento de uma nova nação e senti-me seguro por ter sido o MPLA a concretizá-lo. No dia 11 de Novembro 1975 soube, pelos jornais e rádio, que as tropas da FNLA tinham sido amplamente derrotadas pelas FAPLA, com o auxílio das unidades do exército cubano, e tinham recuado para a zona de Caxito, sendo perseguidas pelas tropas vencedoras. No dia 12 de Novembro o Jornal de Angola tinha na primeira página uma foto com centenas e centenas de mortos do exército ELNA e em destaque o cadáver de Holden Roberto. Acreditei, como por certo todos quantos viram e leram as noticias. Dias depois vim a saber que Holden Roberto estava vivo e que a foto tinha sido uma montagem. Foi quando tive conhecimento de que na retirada tinha proclamado a independência em Ambriz, na mesma razão que levou Savimbi a fazer o mesmo em Nova Lisboa. O que se passou depois da independência já nada tem a ver com o tema que hoje decidi escrever com o titulo de Independência … Foi Há 33 Anos. Saudações e Inté Independência … Foi há 33 Anos [ parte II ]A FNLA montou a sua sede na Avª Brasil, a UNITA na Avª dos Combatentes e o MPLA na Vila Alice. Depois foi um proliferar de Delegações e/ou Secções dos movimentos por toda a Luanda. Era a ocupação no terreno de locais o mais estrategicamente possível, para as batalhas que se avizinhavam. Os movimentos estavam a preparar ao pormenor o cenário para a guerrilha urbana, para a ocupação de Luanda por cada um deles, ou, quanto muito, uma aliança de dois. Na data havia em curso uma negociação para aproximar a UNITA ao MPLA, sendo a FNLA o movimento a ter que ser expulso. Finalmente, e infelizmente, aconteceu o que há muito se previa. Instigados, dizem que por agentes profissionais da agitação e da destabilização, (mandaram-se primeiro estes para depois “entrarem” na “dança” as tropas dos movimentos), começaram nos bairros da periferia os ataques, incêndios e pilhagens a lojas de comerciantes portugueses. Tiros, mortes, actos de vandalismo e violência quase diária começaram a ser “o pão-nosso de cada dia”, criando-se assim um clima de angústia, de incertezas quanto ao futuro imediato. O exército português ainda ía acudindo aqui e acolá, mas sentia-se impotente para controlar tanta “loucura” armada, tanto mais que a “guerra” deles tinha terminado e só pensavam no momento de regressar a Portugal. A polícia também estava de certa forma manietada e a população começou a sentir necessidade de ir ter com os movimentos para serem ajudados na salvaguarda das suas vidas, dos seus haveres. Com este “empurrão” calculado ao pormenor, foi dado o mote para que as FAPLA, o ELNA e as FALA entrassem na acção já há muito agendada e aguardada. Foi neste contexto que teve início a denominada “batalha de Luanda”, com o acompanhamento à “distância” do exército português. Era uma guerrilha pela tomada do poder entre os três movimentos e o exército português já há muito que tinha “terminado” a sua missão em Angola. Rajadas sobre rajadas de metralhadoras, morteiradas, mísseis terra-terra e todo um infinito arsenal de material bélico começou a espalhar o terror e a morte junto da população desarmada e inocente, e nos exércitos envolvidos. Para “animar” a situação, já que os brancos começaram a ripostar com armas de fogo ao fogo das armas dos assaltantes das suas casas, dos seus haveres e das suas vidas, um almirante de nome Rosa Coutinho, denominado de “almirante vermelho” mandou desarmar todos os portugueses que tivessem armas de fogo. Indignada, a população branca, e não só, concentrou-se e manifestou-se junto da sede da P.S.P. contra tal orientação, mas nada fez demover as orientações emanadas desse famigerado almirante. Mas é obvio que naquele caso, ninguém, ou quase ninguém, entregou qualquer arma. Na continuidade dos seus protestos, a população branca organizou-se e efectuou caravanas de “revolta” na cintura interna de Luanda, buzinando de raiva pelo total alheamento a que se sentiu votada pelas autoridades portuguesas. Essas marchas eram geralmente feitas ao entardecer numa demonstração de não medo, mas da mesma forma que começaram acabaram, pois dos musseques e de algumas delegações dos movimentos começaram a ser feitos disparos sobre as caravanas e ninguém estava para perder a vida de um momento para o outro em troco de nada. Entretanto o famigerado Rosa Coutinho tinha-se incumbido de levar à prática a sua motivação politica, ou seja, a desmobilização, desarmamento e insegurança a todos os portugueses, a fim de provocar a sua fuga de Angola, e ao mesmo tempo criar as condições para que o MPLA fosse o movimento que liderasse a hegemonia sobre Luanda, capital da futura Angola independente. Esta carta é bem demonstrativa dessas suas intenções. Neste vale tudo, as populações dos musseques começaram o processo de ocupação e saque das casas onde viviam portugueses, que as tinham abandonado em busca de refugio mais seguro no seio de Luanda. Vi, por ficar perto de onde vivia, o Liceu Feminino a ser transformado num centro de “acolhimento a refugiados", que se faziam acompanhar dos mais variados artigos domésticos. Soube depois que Casas de Saúde e outras áreas seguras foram também transformadas em centros de acolhimento, por os desalojados não serem só de Luanda, mas também de vários pontos de Angola. Face ao terror que foi instalado e ao abandono a que foram sujeitos, começou a dar-se o grande êxodo dos portugueses rumo a Portugal. Filas intermináveis se formavam bem cedo na madrugada para obterem junto da TAP o bilhete “mágico” que os fizesse sair a tempo do inferno em que se estava a tornar Luanda, em que se tornara Angola. O aeroporto estava repleto de pessoas que com malas, caixas, caixotes e diversos embrulhos procuravam fazer o Check-in. A resposta do governo português era lenta e o desespero aumentava à medida que o tempo avançava e a guerra se agudizava cada vez mais. Não haviam aviões nem navios em quantidade suficiente para fazer transportar as centenas de milhares de portugueses que procuravam sair de Angola, forçados pelo descalabro das sangrentas batalhas e da destruição maciça das principais vilas, equipamentos e meios produtivos. Mas a comunidade internacional e várias organizações humanitárias souberam compreender o que o governo português nunca compreendeu, ou não quis, e teve inicio a maior ponte aérea de que havia memória, fazendo com que centenas de milhares de portugueses, e não só, saíssem com vida do caos em que se transformara Angola. Tardiamente, mas ainda a tempo, o Governo Português reconheceu a catástrofe e decidiu implementar mais navios e voos para Angola e participar em pleno na ponte aérea que terminaria, segundo o Alto-Comissário Leonel Cardoso, na véspera do dia da independência. Os que quisessem ficar ficariam por sua conta e risco. Os nervos andavam em franja, pois dormia-se pouco, as noites começaram a ser de sobressalto e durante o dia deixou de também haver sossego, já que o fogo cruzado era quase constante. As ambulâncias andavam numa “roda-viva” a caminho dos hospitais. O Hospital de S. Paulo e o da Maria Pia “rebentavam” pelas costuras. Nas casas mortuárias começou a deixar de haver espaço para se colocarem mais mortos. A “batalha de Luanda” ia avançando, cada vez mais encarniçada, mais cruel, mais descontrolada. Já nada era poupado. Disparava-se contra tudo e contra todos. Era o descalabro total. Só um movimento podia ficar a controlar Luanda, futura capital do novo estado, do novo país. Se alguns portugueses ainda tinham dúvidas, elas foram-se dissipando com o desenrolar dos acontecimentos. O melhor era mesmo partir, deixando para trás tudo quanto tinham, mesmo a cidadania, tendo em atenção que muitos brancos eram angolanos de nascença. Mas eram brancos e o espaço de movimentação era cada vez menor. Começou o grande encaixotamento. Pelo menos esperavam poder levar alguma coisa dos seus bens para em Portugal, ou num outro país para onde decidissem retomar a dura batalha de tudo recomeçar, não partirem do ponto zero, do nada. Durante semanas ouviu-se um toq toq toq constante do bater dos martelos nos pregos, nas madeiras. Luanda estava a transformar-se num “enorme” estaleiro de carpintaria. O destino era o porto de Luanda, onde pretendiam enviar pelos navios os caixotes de grandes dimensões. Também pretendiam enviar pelos mesmos meios as suas viaturas. E assim surgiram as longas filas de automóveis que aguardavam quase desde o cinema Miramar, descendo o Eixo Viário, indo pela Rua Direita de Luanda, a sua entrada no cais de embarque do porto de Luanda. Eram quilómetros, quase compactos, de viaturas paradas, que de vez em quando andavam mais um metro, num percurso de várias horas, algumas vezes de dias. O meu mano Mário também fez parte desse numeroso grupo de pessoas que estoicamente aguentavam aquele autêntico calvário. [continua] Independência ... Foi há 33 Anos [ parte I ]Segunda-Feira, 10 Novembro 1975, 24H00’00’’ … Luanda, capital da Província de Angola. Terça-Feira, 11 Novembro 1975, 00H00’01” … Luanda, capital da Republica Popular de Angola. Hoje, de novo Terça-Feira, 11 Novembro 2008 … Angola 33 Anos de Independência. Local da proclamação popular da independência de Angola:» Largo 1º de Maio (**),depois denominado de Praça da Independência. Bairro de Vila Clotilde, Rua D. António Saldanha da Gama, 5º andar do prédio da D. Amália que tinha, entre outros, alguns interesses económicos na Estrada da Brigada. Do alto desse 5º andar, onde vivia desde Agosto 75, pouco depois de ter casado, assisti entre o fim do dia 10 e o inicio do dia 11, ouvindo mais que vendo, já que o meu campo visual era algo longínquo do local, à cerimónia popular da proclamação da Independência de Angola como Estado Soberano e entregue aos seus Novos Destinos. Na tarde do dia 10 tinham saído as últimas tropas portuguesas … sem honra, sem glória, deixando para trás os portugueses entregues à sua sorte e um país imerso num gigantesco banho de sangue e de morte fratricida devido à acção armada das forças do MPLA (FAPLA), da FNLA (ELNA) e da UNITA (FALA), que desde há vários meses estavam envolvidas numa guerra feroz, sem tréguas e sem regras, pelo controlo de Luanda, tendo em vista a tomada do poder político para que no dia 11 de Novembro pudesse, uma delas, unilateralmente, proclamar a independência do novo país a surgir. Cada palmo de terreno era um ganho ou uma perca para cada uma das forças beligerantes. Luanda/Angola estavam a ferro e fogo meses antes do dia da independência e a bandeira portuguesa hasteada “olhava” indiferente e sem qualquer tipo de reacção eficaz ao massacre de inocentes populações civis, entre eles muitos portugueses. A UNITA e a FNLA entraram em Luanda em Junho/Julho de 74, enquanto o MPLA só o fez em Novembro desse ano. Agostinho Neto e quadros superiores entraram em Luanda em Fevereiro de 1975. Cedo se começou a perceber que os movimentos muito dificilmente teriam um caminhar conjunto e uno até à independência. Tinham comportamentos, filosofias políticas e discursos diferentes. E também os longos anos em que nas matas se guerrearam entre si não permitiria que esses ódios fossem “esquecidos” tão facilmente. Sempre se soube que a FNLA tinha apoio directo de Mobutu e das tropas zairenses, tanto que se chamava aos ELNAs “zairotas”, por raramente se encontrar um que soubesse falar português, já que “quase” todos falavam congolês e/ou francês. Como em tudo existem as excepções, por isso mesmo escrevi “quase”. Também eram chamados de “fenelas”. Era um movimento marcadamente não apoiado pela população angolana residente em Luanda. A UNITA, tendo sido um movimento praticamente “protegido e mantido” pelo exercito português, revelou ser tribalista, regionalista, divisionista e de alguma forma racista. Mas aqui verificou-se o paradoxo da questão. Foi o movimento mais entusiasticamente aplaudido pela população branca aquando da entrada em Luanda, com largos milhares de portugueses a ocuparem quilómetros de asfalto na sua chegada apoteótica. Confesso que nunca percebi aquela espécie de “histeria” colectiva. Também foi um movimento sem expressão no apoio da população angolana residente em Luanda. O MPLA era o movimento genuinamente angolano. Os seus quadros eram figuras ilustres da vida angolana, do mundo contemporâneo, com ligações bem fortes ao povo angolano e a uma determinada elite vanguardista portuguesa. Poderei até dizer que o MPLA tinha quadros a “mais” e guerrilheiros a “menos”, tanto que nas matas seria o movimento mais enfraquecido, menos bem equipado e de já reduzida dimensão quando do 25 de Abril 1974. Por alguma razão foi o último a entrar em Luanda. Teve, quanto a mim, necessidade de chamar, preparar e agrupar para as fileiras das FAPLA, angolanos até aí fora da guerrilha. A sua ligação ao povo era genuína e, por essa razão, dizia-se, na altura, "que o MPLA é a vanguarda do Povo, sendo por isso iguais". Quando Agostinho Neto entrou em Luanda foi recebido numa total loucura por parte do genuíno povo angolano. Se eu tinha ficado perplexo pela forma como a Unita foi recebida, não me surpreendeu os milhares de milhares de angolanos a aclamarem e a vitoriarem Agostinho Neto e o MPLA. Apesar de tudo nunca pensei ver aquela apoteótica recepção. Simplesmente um oceano de gente, de povo angolano, de povo anónimo. Daí o facto da independência ter sido proclamada junto e com o povo angolano. [continua] Independência ... Foi há 33 Anos [ introdução ]esta composição é o principal fundo musical do filme "Delírio de Amor", que vi em 1975 no Cinema Avis (depois da independência passou a chamar-se “Karl Marx”, onde começaram a passar filmes de indole revolucionária e independentista) Confesso que pensei bastante antes de começar a escrever este Tema e inseri-lo neste meu blog “Reviver Estórias”. Não por mim, pois não ando a “exorcizar fantasmas”, mas pela possibilidade de poder provocar algumas reacções de “feridas mal curadas”; de passados estes anos “ajudar” algum leitor a “destilar” disparates sobre este período menos nobre da longa história de Portugal; de poder fazer despertar lembranças mal esquecidas. Mas a história não é para ficar nas gavetas do esquecimento, pelo menos quando ela continua a ser muito mal contada, quando se pretende “branquear” e não querer dar a conhecer o que realmente aconteceu e que NÃO era para acontecer. E por circunstancialismos que a geração nascida nos anos 40 e 50 NUNCA irá saber, aconteceu. É que tenho para mim, e comigo há-de morrer, a forte convicção que a verdadeira razão e os objectivos do 25 de Abril não foram os que nos impingiram no imediato e nos anos subsequentes, mas sim os que JAMAIS nesta geração serão contados. Terá que ser uma nova geração de investigadores da recente história contemporânea de Portugal, quando tiver acesso à diversa documentação oculta (se ainda existir) que irá escrever a verdadeira história, que irá desmontar a fraude do encaminhamento que foi dado à famosa “coluna da revolta dos capitães milicianos nas Caldas da Raínha em Março 1974”. Quando essa revelação acontecer já não haverá ninguém vivo para ser julgado. Mas far-se-á história. Pelo menos esse será o meu desejo, mesmo que "cá já não esteja". Assim, dentro deste contexto de ideias, de pensamento, e depois de ver lançamentos recentes sobre Angola, tais como “O Ultimo Ano em Luanda”, “Os Retornados”, "Angola - O Último Café", e outros, penso que tenho a bastante legitimidade, como testemunha ocular, de procurar transmitir um pouco do que vi, senti e vivi desde a entrada dos movimentos em Luanda, até ao dia 11 de Novembro de 1975. Tanto mais que, a exemplo de muitos portugueses, lá fiquei, passei a independência, até ser EXPULSO em Novembro de 1977. Facto este que também fará parte de um tema deste meu “Reviver Estórias”. Será um resumo o mais sucinto possível, apenas algumas pinceladas, pois de uma ou outra forma sabe-se como foi, o que aconteceu. Se fosse meu entendimento escalpelizar tudo, escreveria um livro. E memória de todos esses momentos, de todas essas situações, tenho-a eu. Este tema, mesmo resumido é de certa forma longo, e por esse motivo será apresentado em várias partes para não se tornar maçudo, maçador, tendo em atenção que a maioria dos leitores dos blogs não têm "pachorra" para temas deste género. Apreciam temas mais ligeiros, mais "leves", menos pensantes. Como nota final refiro que este tema vai estar aberto na sua ultima parte a quem entenda tecer algum comentário. Mas terão que ser comentários que não firam a sensibilidade, a susceptibilidade, a honradez sobre os factos históricos ocorridos, mesmo que no tema possam não estar mencionados, e obviamente sobre o autor, sob pena de não virem a ser publicados, pois não pretendo que essa seja a linha de orientação para este Tema do "Reviver Estórias". Este tema, em todas as suas partes, foi hoje publicado para lembrar que ANGOLA tornou-se Independente há 33 anos [ continua ] |